Principais destaques:
- Pesquisas recentes ligam dormir com luz acesa ao aumento do risco de doenças cardíacas, obesidade e diabetes.
- Até mesmo uma luz suave pode causar estresse cerebral e inflamação nas artérias.
- Especialistas alertam que a escuridão total é essencial para um sono verdadeiramente reparador.
Dormir com qualquer tipo de luz acesa pode parecer inofensivo, mas estudos apresentados nas Sessões Científicas de 2025 da American Heart Association indicam que essa prática pode ter efeitos profundos na saúde.
Pesquisadores observaram que até mesmo uma leve iluminação no quarto durante o sono pode ativar áreas do cérebro ligadas ao estresse e desencadear inflamações nas artérias, condições que, a longo prazo, aumentam o risco de doenças cardíacas graves.
Em uma pesquisa conduzida com 466 adultos, indivíduos expostos a maiores níveis de luz artificial enquanto dormiam apresentaram maior atividade cerebral relacionada ao estresse.
O pesquisador Ahmed Tawakol, principal autor do estudo, explicou que o cérebro, ao perceber a luz, entende que precisa ficar em alerta, gerando uma resposta imunológica e inflamatória que endurece os vasos sanguíneos ao longo do tempo.
Esse processo silencioso pode se transformar em ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Esses resultados se somam a uma análise ampla de quase 89 mil pessoas, publicada no JAMA Network Open, que revelou números preocupantes: quem dorme em ambientes mais iluminados teve 56% mais risco de insuficiência cardíaca e 47% mais risco de infarto.
As mulheres e os adultos jovens pareceram ser os mais sensíveis a esses efeitos.
Quando o corpo não descansa como deveria
Dormir com luz não apenas confunde o cérebro, também perturba o metabolismo.
Pesquisas da Northwestern Medicine mostraram que apenas uma noite em um quarto moderadamente iluminado (algo como uma lâmpada fraca) já foi o suficiente para aumentar a resistência à insulina na manhã seguinte.
“Mesmo dormindo, seu sistema nervoso é ativado como se estivesse acordado”, explicou a pesquisadora Daniela Grimaldi, coautora do estudo.
O que faz com que o corpo permaneça em estado de alerta, elevando a frequência cardíaca e prejudicando o descanso profundo.
Essa ativação constante ocorre porque a luz reduz a produção de melatonina, o hormônio que regula o sono e ajuda o corpo a entender quando é hora de descansar.
Além disso, estudos apontam que mulheres que dormem com luzes ou televisores ligados apresentaram índices mais altos de obesidade, associando a exposição noturna à luz ao descontrole do metabolismo.
Como dormir melhor (e proteger sua saúde)
Segundo uma nota científica publicada pela American Heart Association, a poluição luminosa, inclusive aquela dentro de casa, é um dos grandes vilões dos ritmos circadianos, os ciclos naturais que controlam o sono, o humor e o funcionamento dos órgãos.
Mesmo pequenas quantidades de luz podem afetar esse equilíbrio delicado.
A recomendação dos especialistas é simples, mas poderosa: durma em total escuridão sempre que possível. Isso pode incluir o uso de cortinas blackout, máscaras de dormir e o hábito de evitar telas e eletrônicos antes de se deitar.
Para crianças com medo do escuro ou pessoas idosas que precisam enxergar à noite, a melhor alternativa são luzes bem fracas e em tons quentes, como amarelo suave ou âmbar — o que reduz a interferência sobre o cérebro.
Dormir bem é mais do que uma questão de conforto: é um ato de proteção do coração e da mente. Às vezes, a simples escolha de apagar a luz pode ser um gesto poderoso de cuidado com a própria saúde. 🌙



