Principais destaques
- Cientistas identificaram um fungo capaz de sobreviver e crescer em ambientes altamente radioativos.
- O organismo foi encontrado dentro das ruínas do reator destruído de Chernobyl.
- A adaptação pode envolver um processo ainda pouco compreendido, conhecido como radiossíntese.
Mais de três décadas após o pior acidente nuclear da história, a zona de exclusão ao redor da Chernobyl Nuclear Power Plant continua sendo um dos ambientes mais hostis do planeta.
Ainda assim, a região tem revelado uma surpresa atrás da outra para a ciência. Entre elas está um fungo que não apenas resiste à radiação extrema, como aparentemente tira proveito dela.
O acidente ocorrido em 26 de abril de 1986 obrigou milhares de pessoas a abandonarem suas casas e transformou a área em um símbolo permanente dos riscos da energia nuclear.
Para os seres humanos, o local segue impróprio para habitação por um futuro distante. Para algumas formas de vida, porém, o cenário se mostrou um terreno inesperado de adaptação.
Um fungo que cresce onde quase nada sobrevive
Pesquisadores encontraram o fungo Cladosporium sphaerospermum cobrindo as paredes internas das ruínas do reator número 4, uma das áreas mais contaminadas de toda a zona de exclusão. O que chamou a atenção não foi apenas sua presença, mas a forma como ele parecia prosperar naquele ambiente.
Esse fungo possui um pigmento escuro rico em melanina. Estudos indicam que essa substância pode ajudar o organismo a lidar com a radiação, transformando-a em uma fonte de energia, de maneira comparável ao papel da clorofila nas plantas durante a fotossíntese.
Como a radiação pode virar energia
A principal hipótese para explicar esse comportamento é a chamada radiossíntese. Segundo essa ideia, a melanina seria capaz de captar a radiação ionizante e convertê-la em energia química, favorecendo o crescimento do fungo em locais onde outros organismos não conseguem sobreviver.
Apesar de fascinante, esse processo ainda não foi comprovado de forma definitiva. Os cientistas seguem investigando como exatamente essa conversão acontece e quais limites essa adaptação pode ter.
Um lembrete da resiliência da vida
O caso do Cladosporium sphaerospermum reforça uma lição recorrente da biologia. A vida encontra caminhos mesmo nas condições mais extremas. Ambientes considerados letais podem se tornar laboratórios naturais de evolução acelerada, revelando estratégias que desafiam o conhecimento atual.
Compreender esses mecanismos pode não apenas ampliar o entendimento sobre adaptação e evolução, mas também abrir portas para aplicações futuras, desde a biotecnologia até a exploração espacial.



